Obs.: você está visualizando a versão para impressão desta página.
AcessibilidadeVer em LibrasCursor grandeEspaçar caracteresPausar animações

E quando o robô falhar?

🔀
Não é simples conhecer todas as esferas do mercado imobiliário. São diversos players que atuam nesse setor, entre eles: advogados, construtoras e incorporadoras, imobiliárias, corretores, associações de classe, empreiteiras, bancos financiadores etc. Todos prestam seu respectivo serviço a fim de ajudar seus clientes da melhor forma possível.

Contudo, na era digital, soluções tecnológicas surgem aos montes com a proposta de facilitar a vida das pessoas, sobretudo nas tarefas de aluguel, compra e até na reforma da casa própria. Temos, assim, dezenas de plataformas – a maioria gratuita – disponíveis em sites ou apps que para promover o match ou encontro entre o consumidor e o melhor fornecedor para aquela necessidade. Frente à nova realidade, o mercado imobiliário tem se perguntado: pode o atendimento humano ser substituído pela Inteligência Artificial?

Para a advogada Daniele Akamine, especialista em Economia da Construção Civil e mercado imobiliário, a resposta é "não”. Segundo ela, por mais que as inovações contribuam para criar caminhos mais rápidos e eficientes ao setor, os negócios imobiliários tradicionais estão submetidos a um arcabouço regulatório visando, principalmente, proteger o consumidor. "Detectar a falha de um profissional e fazê-lo responder judicialmente já é um processo complexo, imagina o quão difícil será punir um robô”, explica a advogada.

O mundo real não é tão simples quanto apertar uma tecla no aplicativo. Daniele cita o exemplo das complicações geradas, anos atrás, por um aplicativo de aluguel de imóveis, criado para encontrar o locatário ideal para o apartamento do usuário. A startup subestimou a obrigação de fornecer aos proprietários a garantia do pagamento e, ao locatário, a certeza de que todos os boletos emitidos fariam a cobrança correta.

De repente, o aplicativo se viu sem uma companhia de seguros para arcar com os calotes, além de dezenas de inquilinos insatisfeitos ao serem cobrados por uma moradia que não existia na prática. Do lado do locatário, alguns tiveram de assumir o preço dos danos causados ao apartamento, mas não revelados no momento da entrega.

Também tem se mostrado falha a prática de dispensar a imobiliária na compra de um imóvel. A especialista defende que os portais servem para mostrar as imagens, localização e o preço estimado de uma casa ou um apartamento à venda. "Mas pela intermediação de um bom profissional, o comprador irá entender se o imóvel está arrolado a alguma ação judicial ou se a documentação está impecável, por exemplo.”

Na área de financiamento imobiliário, diversos sites se propõem a encontrar a melhor taxa de juros a quem precisa de crédito para a casa própria. Neste cenário, Daniele questiona: "O robô não conseguirá avisar o internauta que o CET (Custo Efetivo Total) do financiamento ficará maior no banco com a melhor taxa, caso essa instituição cobre um alto valor nos seguros obrigatórios”.

Quando tudo acontece de acordo com a programação feita para o funcionamento da ferramenta, é fato que uma solução digital é mais eficiente do que a tradicional linha de produção do mercado. Mas não se pode ignorar a legislação criada para responder a cada tipo de conflito. "As negociações nem sempre seguem um padrão e, por isso, os robôs imobiliários ainda precisam de muitos ajustes”, conclui Daniele.

Fonte:https://cio.com.br/e-quando-o-robo-falhar/
ImprimirReportar erroTags:daniele, imobiliário, mercado, apartamento, locatário, aplicativo e casa524 palavras5 min. para ler

Compartilhar artigo: